sábado, 10 de abril de 2010

Juvenal...

O Juvenal tava desempregado há meses. Com a resistência que só os 
brasileiros tem, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma 
entrevista. Ao chegar no escritório, o entrevistador observou que o 
candidato tinha exatamente o perfil desejado, as virtudes ideais e lhe 
perguntou: 
 - Qual foi seu último salário? 
 - "Salário mínimo", respondeu Juvenal. 
 - Pois se o Sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês! 
 - Jura? 
 - Que carro o Sr. tem? 
 - Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e 
um 
carrinho de mão! 
 - Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma 
BMW 
para sua esposa! Tudo zero! 
 - Jura? 
 - O senhor viaja muito para o exterior? 
 - O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes... 
 - Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, 
para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc. 
 - Jura? 
- E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora 
porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. 
Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um 
telegrama 
nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira. 
Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a 
meia-noite 
da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.

Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e 
contou as boas novas. 
Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita
música. 
Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto. As 9 horas da noite a
festa fervia. 
A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a 
mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero. 
A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal. 
E a banda tocava! 
E o choop gelado rolava! 
O povo dançava! 
Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. 
Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do 
primeiro 
salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio
assustada. 
Onze horas e cinqüenta e cinco minutos........ 
Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela... 
Era do Correio! 
A festa parou! 
A banda calou! 
A tuba engasgou! 
Um bêbado arrotou! 
Uma velha peidou! 
Um cachorro uivou! 
Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa? 
- Coitado do Juvenal! Era a frase mais ouvida. 
 -Jogaram água na churrasqueira! 
O chopp esquentou! 
A mulher do Juvenal desmaiou! 
A motoca parou! 
 - Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri? 
 - Si, si, sim, so, so, sou eu... 
A multidão não resistiu... 
- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!! 
- Telegrama para o senhor... 
Juvenal não acreditava... 
Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou 
para todos. 
Silêncio total. 
Respirou fundo e abriu o telegrama. 
Uma lágrima rolou, molhando o telegrama.. 
Olhou de novo para o povo e a consternação era geral. 
Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler. 
O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava.- E agora? 
Quem vai pagar essa festa toda? 
Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o 
povo que o encarava... 
Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a
gritar eufórico. 
- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!! 

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Atalhos

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